quarta-feira, março 09, 2005

Tema polémico que o não devia ser

Comentário de D. António Marcelino

Sopra um vento destruidor por essa Europa fora e está aí, a assobiar em cheio, na praça pública e nos espaços do aconchego diletante. Destrói, impunemente, valores e instituições indispensáveis, à revelia de uma reflexão ponderada e de um juízo sério, sobre os seus efeitos iconoclastas.
Decretou-se, de um dia para o outro, que falar de Deus, da pátria e da família, cheira a bafio, é sinónimo de passado enjoativo, está ao arrepio da modernidade, é herança do fascismo. O laicismo ateu tomou o projecto em mãos e tornou-se militante intransigente, juiz implacável, inquisidor mor.
Esta corrente pode sempre opinar. Não assim pessoas, grupos e comunidades que, de modo consciente, vêem nos valores que se estão a demolir, um sentido para a sua vida e uma referência para o seu agir pessoal e social. Porém, é com esta gente que querem amordaçar, que o país conta. Tudo o resto não passa de actores de passagem, a que a comunicação social dá altifalante, palco e mesmo pé para ir mais longe.
Li há dias, em entrevista a um jornal da província, o que dizia uma professora universitária, que cultiva o seu individualismo sem reservas. Tal qual assim: “Deus não me fez falta na minha vida”. Arredara-O de vez, por choques não resolvidos na juventude. Assim se apagou, como dispensável, Aquele no qual eu creio que todos “nos movemos, existimos e somos”. A moda agora é ser agnóstico e ateu, e a riqueza, em não ter nada de consistente, definitivo e incómodo na vida
O crer não se opõe ao compreender. Ao contrário, estabelece uma nova forma de compreender que, precisamente porque se dá na relação com o divino, resulta como algo de decisivo e absoluto para a existência humana. Isto não é uma teoria, mas fruto visível de uma ampla e séria investigação sobre a experiência religiosa. O sábio, esse dirá sempre: “Só Deus basta!”
Em relação à pátria/nação, está bem claro que, secadas as raízes, nem frutos, nem segurança, nem memória histórica. Que caminho para o futuro?
A guerra contra a família, na qual assestam agora todas as baterias de um laicismo ao sabor da corrente, vazio de conteúdos morais e éticos e, por isso mesmo, incapaz de autocrítica, não é senão, ainda que pareça o contrário, uma guerra efémera. O individualismo, como valor absoluto, confundido com individualidade, acaba por destruir a pessoa na sua identidade, bem como a relação interpessoal na sua riqueza insubstituível. O individualismo é sempre caminho acelerado para a morte. Levado para o campo do amor, gera um inevitável conflito com a realidade familiar. Tudo reduzido à esfera privada, não se respeita o outro, não se querem nem aceitam influências de fora, são inviáveis os compromissos responsáveis. Nada mais efémero na vida que o amor individualista, sem balizas nem regras. Onde a morte do outro, aí a pobreza e debilidade. Família é outra coisa. A natureza sem lei arrasa tudo. Respeitada, é fonte de felicidade e de bem. Tema polémico, a requerer atenção e gente sem medo de se afirmar.

In Agência Ecclesia

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

esta posta merece destaque...
sdpjleiria

1:50 da tarde  

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