quinta-feira, outubro 07, 2004

A Família, esperança da Igreja e do mundo

"A missão específica dos bispos e dos presbíteros na pastoral familiar

Toda a comunidade eclesial deve sentir a responsabilidade de ajudar as famílias a viverem de forma coerente a sua vocação matrimonial; no entanto, os bispos e os presbíteros, como pastores do Povo de Deus, têm uma especial responsabilidade na pastoral familiar.
O bispo é “o primeiro responsável da pastoral familiar na diocese” e deve estar atento “de um modo particular a este sector pastoral, sem dúvida prioritário” (30). Como pastor, ele procurará apoiar pessoalmente as famílias, sobretudo aquelas que enfrentam problemas graves e que necessitam de se reencontrar no caminho da esperança. A atenção e a solicitude do bispo para com a família traduzir-se-ão, também, na disponibilização de pessoas e de recursos que dêem corpo a uma pastoral familiar consequente. Compete-lhe, ainda, apoiar pessoalmente todos aqueles que, integrados nas diversas estruturas diocesanas ou nas associações de defesa da família, se esforçam por levar às famílias o anúncio do Evangelho da vida.
No âmbito da comunidade cristã, o bispo “não deixará de encorajar a preparação dos noivos para o matrimónio, o acompanhamento dos jovens casais e a formação de grupos de famílias que apoiem a pastoral familiar e, não menos importante, sejam capazes de ajudar as famílias em dificuldade. A proximidade do bispo aos cônjuges e aos seus filhos, inclusive através de iniciativas de vários géneros com carácter diocesano, será para eles de seguro conforto”. Pertence, também, ao bispo “fazer com que sejam sustentados e defendidos os valores do matrimónio na sociedade civil, através de justas decisões políticas e económicas”. “Considerando as tarefas educativas da própria família (...), é necessário que o bispo apoie e qualifique a obra das escolas católicas, promovendo a sua aparição, onde não existam, e solicitando, na medida que puder, as instituições civis para que favoreçam uma efectiva liberdade de ensino no país” (31).

A solicitude da Igreja para com a família também deve estar bem presente no ministério dos presbíteros. É parte fundamental da sua missão anunciar o Evangelho do amor e da família, e “comportar-se constantemente, em relação às famílias, como pai, irmão, pastor e mestre, ajudando-as com os dons da graça e iluminando-as com a luz da verdade” (32). A responsabilidade do presbítero, no campo da pastoral familiar, não se limita ao ensino da recta doutrina ou ao momento da celebração do compromisso matrimonial; mas deve acompanhar as famílias na sua caminhada quotidiana, sustentá-las no meio das dificuldades e sofrimentos, apoiar solidariamente aqueles que têm dificuldade em avançar, recordar a todos os valores do Evangelho, ser para os membros da família um sinal do amor, da misericórdia e da ternura de Deus.
Aos sacerdotes empenhados na pastoral paroquial compete, também, velar para que as estruturas e os agentes pastorais da sua comunidade ajudem as famílias a viver na fidelidade à sua vocação. Compete-lhes, ainda, programar e animar as mais diversas iniciativas no âmbito da pastoral familiar: encontros e conferências sobre temas ligados à família, grupos de casais, jornadas de sensibilização para os problemas das famílias, tempos de reflexão e de oração que envolvam as famílias, criação de equipas de apoio à formação de noivos e de ajuda aos casais jovens)."

"A atenção particular da comunidade eclesial aos casais jovens

Os primeiros anos que se seguem à celebração do matrimónio têm uma importância fundamental na estruturação da comunidade familiar; da forma como a família se organiza, nessa fase, depende em grande parte o êxito nas etapas posteriores.
Após o compromisso matrimonial, o projecto de amor do homem e da mulher concretiza-se numa vida em comum, vivida dia a dia no dom, na entrega e na partilha total. Trata-se de uma importante mudança na vida dos esposos, que exige de cada um deles uma grande capacidade de atenção ao outro, de generosidade, de compreensão, de tolerância, de perdão e de renúncia aos próprios esquemas pessoais. As novas responsabilidades, o nascimento dos primeiros filhos, os diversos problemas e desafios que diariamente se colocam à vida familiar, irão exigir do casal uma grande capacidade de adaptação e pôr à prova a maturidade do seu amor.
A comunidade eclesial deve, portanto, dedicar uma especial atenção aos casais jovens, no sentido de os ajudar a descobrir e a viver a sua vocação e missão. Essa ajuda, sempre necessária, é ainda mais urgente se, como acontece frequentemente, existem carências na vida cristã e na formação dos novos casais.

Antes de mais, a comunidade paroquial deverá fazer um esforço no sentido de inserir os casais jovens numa dinâmica comunitária paroquial. A paróquia deverá, nesse sentido, utilizar a sua imaginação e a sua criatividade para promover estruturas de acolhimento, de acompanhamento e de inserção apostólica dos casais jovens.
A ajuda da comunidade eclesial aos casais jovens deve traduzir-se, em primeiro lugar, numa discreta presença solidária, de forma a que eles não se sintam isolados ou abandonados no seu esforço constante de superação das dificuldades.
A comunidade eclesial deverá preocupar-se, também, com a formação humana e espiritual dos esposos, a fim de que, ao longo da sua caminhada de amor partilhado sejam capazes de levar a cabo o seu projecto comum de existência matrimonial e familiar como resposta ao dom de Deus. Para responder a essa necessidade, a comunidade paroquial poderá programar actividades diversas dirigidas à formação dos esposos nos diversos âmbitos da sua missão: catequese familiar, catequese de adultos, conferências, retiros, encontros de formação. Considerando as novas situações que se deparam aos casais novos, em particular a passagem da comunidade conjugal à comunidade familiar com o nascimento dos filhos, a comunidade paroquial procurará dar continuidade à formação recebida na preparação do matrimónio com o tratamento dos temas do amor conjugal, do serviço à vida e da educação dos filhos.
Certos momentos-chave da vida das famílias - o baptismo, a primeira comunhão, a confirmação ou a escolha de um estado de vida dos filhos - deverão ser acompanhados de forma especial pela Igreja e constituir oportunidades de aproximação da família à comunidade e da comunidade à família. Outras situações - o nascimento e a educação dos filhos, o trabalho, a doença, a morte - exigem um acompanhamento especial da comunidade eclesial, de forma a que a família se sinta sempre apoiada nas suas alegrias e tristezas, na sua vocação e missão.

As famílias que contam já com experiência do matrimónio e da família, deverão procurar pôr ao serviço dos outros a própria experiência humana. Para concretizar esse objectivo deve impulsionar-se a formação de grupos de casais que facilitem o diálogo e a comunicação de experiências, que tenham os seus próprios esquemas de formação continuada, e que desempenhem a missão de acolher e de acompanhar os casais que se aproximam da paróquia por algum motivo familiar."

Retirados da Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa


(Integral)

Secretariado Diocesano de Pastoral Juvenil de Viana do Castelo, Cúria Diocesana. Convento de São Domingos. 4900-864 Viana do Castelo Telef.258-824567 Fax.258-824459 Email: jotas@tugamail.com