A Família, esperança da Igreja e do mundo
"A missão específica dos bispos e dos presbíteros na pastoral familiar
Toda a comunidade eclesial deve sentir a responsabilidade de ajudar as famílias a viverem de forma coerente a sua vocação matrimonial; no entanto, os bispos e os presbíteros, como pastores do Povo de Deus, têm uma especial responsabilidade na pastoral familiar.
O bispo é “o primeiro responsável da pastoral familiar na diocese” e deve estar atento “de um modo particular a este sector pastoral, sem dúvida prioritário” (30). Como pastor, ele procurará apoiar pessoalmente as famílias, sobretudo aquelas que enfrentam problemas graves e que necessitam de se reencontrar no caminho da esperança. A atenção e a solicitude do bispo para com a família traduzir-se-ão, também, na disponibilização de pessoas e de recursos que dêem corpo a uma pastoral familiar consequente. Compete-lhe, ainda, apoiar pessoalmente todos aqueles que, integrados nas diversas estruturas diocesanas ou nas associações de defesa da família, se esforçam por levar às famílias o anúncio do Evangelho da vida.
No âmbito da comunidade cristã, o bispo “não deixará de encorajar a preparação dos noivos para o matrimónio, o acompanhamento dos jovens casais e a formação de grupos de famílias que apoiem a pastoral familiar e, não menos importante, sejam capazes de ajudar as famílias em dificuldade. A proximidade do bispo aos cônjuges e aos seus filhos, inclusive através de iniciativas de vários géneros com carácter diocesano, será para eles de seguro conforto”. Pertence, também, ao bispo “fazer com que sejam sustentados e defendidos os valores do matrimónio na sociedade civil, através de justas decisões políticas e económicas”. “Considerando as tarefas educativas da própria família (...), é necessário que o bispo apoie e qualifique a obra das escolas católicas, promovendo a sua aparição, onde não existam, e solicitando, na medida que puder, as instituições civis para que favoreçam uma efectiva liberdade de ensino no país” (31).
A solicitude da Igreja para com a família também deve estar bem presente no ministério dos presbíteros. É parte fundamental da sua missão anunciar o Evangelho do amor e da família, e “comportar-se constantemente, em relação às famílias, como pai, irmão, pastor e mestre, ajudando-as com os dons da graça e iluminando-as com a luz da verdade” (32). A responsabilidade do presbítero, no campo da pastoral familiar, não se limita ao ensino da recta doutrina ou ao momento da celebração do compromisso matrimonial; mas deve acompanhar as famílias na sua caminhada quotidiana, sustentá-las no meio das dificuldades e sofrimentos, apoiar solidariamente aqueles que têm dificuldade em avançar, recordar a todos os valores do Evangelho, ser para os membros da família um sinal do amor, da misericórdia e da ternura de Deus.
Aos sacerdotes empenhados na pastoral paroquial compete, também, velar para que as estruturas e os agentes pastorais da sua comunidade ajudem as famílias a viver na fidelidade à sua vocação. Compete-lhes, ainda, programar e animar as mais diversas iniciativas no âmbito da pastoral familiar: encontros e conferências sobre temas ligados à família, grupos de casais, jornadas de sensibilização para os problemas das famílias, tempos de reflexão e de oração que envolvam as famílias, criação de equipas de apoio à formação de noivos e de ajuda aos casais jovens)."
"A atenção particular da comunidade eclesial aos casais jovens
Os primeiros anos que se seguem à celebração do matrimónio têm uma importância fundamental na estruturação da comunidade familiar; da forma como a família se organiza, nessa fase, depende em grande parte o êxito nas etapas posteriores.
Após o compromisso matrimonial, o projecto de amor do homem e da mulher concretiza-se numa vida em comum, vivida dia a dia no dom, na entrega e na partilha total. Trata-se de uma importante mudança na vida dos esposos, que exige de cada um deles uma grande capacidade de atenção ao outro, de generosidade, de compreensão, de tolerância, de perdão e de renúncia aos próprios esquemas pessoais. As novas responsabilidades, o nascimento dos primeiros filhos, os diversos problemas e desafios que diariamente se colocam à vida familiar, irão exigir do casal uma grande capacidade de adaptação e pôr à prova a maturidade do seu amor.
A comunidade eclesial deve, portanto, dedicar uma especial atenção aos casais jovens, no sentido de os ajudar a descobrir e a viver a sua vocação e missão. Essa ajuda, sempre necessária, é ainda mais urgente se, como acontece frequentemente, existem carências na vida cristã e na formação dos novos casais.
Antes de mais, a comunidade paroquial deverá fazer um esforço no sentido de inserir os casais jovens numa dinâmica comunitária paroquial. A paróquia deverá, nesse sentido, utilizar a sua imaginação e a sua criatividade para promover estruturas de acolhimento, de acompanhamento e de inserção apostólica dos casais jovens.
A ajuda da comunidade eclesial aos casais jovens deve traduzir-se, em primeiro lugar, numa discreta presença solidária, de forma a que eles não se sintam isolados ou abandonados no seu esforço constante de superação das dificuldades.
A comunidade eclesial deverá preocupar-se, também, com a formação humana e espiritual dos esposos, a fim de que, ao longo da sua caminhada de amor partilhado sejam capazes de levar a cabo o seu projecto comum de existência matrimonial e familiar como resposta ao dom de Deus. Para responder a essa necessidade, a comunidade paroquial poderá programar actividades diversas dirigidas à formação dos esposos nos diversos âmbitos da sua missão: catequese familiar, catequese de adultos, conferências, retiros, encontros de formação. Considerando as novas situações que se deparam aos casais novos, em particular a passagem da comunidade conjugal à comunidade familiar com o nascimento dos filhos, a comunidade paroquial procurará dar continuidade à formação recebida na preparação do matrimónio com o tratamento dos temas do amor conjugal, do serviço à vida e da educação dos filhos.
Certos momentos-chave da vida das famílias - o baptismo, a primeira comunhão, a confirmação ou a escolha de um estado de vida dos filhos - deverão ser acompanhados de forma especial pela Igreja e constituir oportunidades de aproximação da família à comunidade e da comunidade à família. Outras situações - o nascimento e a educação dos filhos, o trabalho, a doença, a morte - exigem um acompanhamento especial da comunidade eclesial, de forma a que a família se sinta sempre apoiada nas suas alegrias e tristezas, na sua vocação e missão.
As famílias que contam já com experiência do matrimónio e da família, deverão procurar pôr ao serviço dos outros a própria experiência humana. Para concretizar esse objectivo deve impulsionar-se a formação de grupos de casais que facilitem o diálogo e a comunicação de experiências, que tenham os seus próprios esquemas de formação continuada, e que desempenhem a missão de acolher e de acompanhar os casais que se aproximam da paróquia por algum motivo familiar."
Retirados da Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa
(Integral)
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