O VALOR DA VIDA HUMANA
Na vida de Jesus, desde o início até ao fim, encontra-se esta "dialéctica" singular entre a experiência da CONTINGÊNCIA da vida humana e a afirmação do seu VALOR. De facto, a precariedade caracteriza a vida de Jesus, desde o seu nascimento.
Ele depara certamente com o ACOLHIMENTO dos justos, que se unem ao "sim" pronto e feliz de Maria (Lc l,38). Mas logo aparece também a REJEIÇÃO por parte de um mundo que se torna hostil e procura o Menino «para O matar» (Mt 2,13), ou então fica indiferente e alheio ao cumprimento do mistério desta vida que entra no mundo: "não havia para eles lugar na hospedaria" (Lc 2,7). Exactamente por este contraste as ameaças e inseguranças, por um lado, e o poder do dom de Deus, pelo outro resplandece com maior força a glória que irradia da casa de Nazaré e da manjedoura de Belém: esta vida que nasce é salvação para a humanidade inteira (Lc 2,10-11).
As CONTRADIÇÕES e RISCOS da vida são assumidos plenamente por Jesus: «sendo rico, fez-se pobre por vós, a fim de vos enriquecer pela pobreza» (2 Cor 8,9). Esta pobreza, de que fala Paulo, não é apenas DESPOJAMENTO dos privilégios divinos, mas também PARTILHA das condições mais humildes e precárias da vida humana (Fl 2,76-7). Jesus vive esta pobreza ao longo de toda a sua vida até ao momento culminante da cruz:
"rebaixou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
Por isso mesmo é que Deus elevou acima de tudo
e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome" (Fl 2,8-9)
É precisamente na sua morte que Jesus revela toda a grandeza e valor da vida, enquanto a sua doação na cruz se torna fonte de vida nova para todos os homens (Jo 12,32). Neste peregrinar por entre as contradições e a própria perda da vida, Jesus é guiado pela certeza de que ela está nas mãos do Pai. Por isso, na cruz pode dizer-lhe: <