TEMPO DE PREPARAÇãO PARA O NATAL
Chegou o Advento. Que bom tempo para remoçar o desejo, o anelo, as ânsias
sinceras pela vinda de Cristo!, pela sua vinda quotidiana à tua alma na
Eucaristia! Ecce veniet!, está a chegar!, anima-nos a Igreja. (S.
Josemaria, Forja, 548).
Começa hoje o tempo do Advento e é bom que tenhamos considerado as insídias
destes inimigos da alma: a desordem da sensualidade e a leviandade; o
desatino da razão que se opõe ao Senhor; a presunção altaneira,
esterilizadora do amor a Deus e às criaturas.
Todas estas disposições de ânimo são obstáculos certos e o seu poder
perturbador é grande. Por isso a liturgia faz-nos implorar a misericórdia
divina: a ti elevo a minha alma, Senhor, meu Deus. E em ti confio; não seja
eu confundido! Não riam de mim os meus inimigos (Sal 24, 1-3) rezamos no
intróito. E na antífona do ofertório iremos repetir: espero em ti,; que eu
não seja confundido!
Agora que se aproxima o tempo da salvação, dá gosto ouvir dos lábios de S.
Paulo: depois de Deus, Nosso Salvador, ter manifestado a sua benignidade e
o seu amor para com os homens, libertou-nos, não pelas obras de justiça que
tivéssemos feito, mas por sua misericórdia (Tit 3, 5).
Cristo que passa, 7
Olhai e levantai as vossas cabeças porque está próxima a vossa redenção (Lc
21, 28), lemos no Evangelho. O tempo do Advento é o tempo da esperança.
Todo o panorama da nossa vocação cristã, a unidade de vida que tem como
nervo a presença de Deus, Nosso Pai, pode e deve ser uma realidade
diária.
Nada mais queria dizer-vos neste primeiro domingo do Advento, quando já
começamos a contar os dias que nos aproximam do Natal do Salvador. Vimos a
realidade da vocação cristã, ou seja, como o Senhor confiou em nós para
levar as almas à santidade, para as aproximar d’Ele, para as unir à Igreja
e estender o reino de Deus a todos os corações. O Senhor quer-nos
entregues, fiéis, dedicados, com amor. Quer-nos santos, muito seus.
Cristo que passa, 11
Jesus Christus, Deus Homo, Jesus Cristo, Deus-Homem! Eis uma magnalia Dei
(Act. II, 11), uma das maravilhas de Deus em que temos de meditar e que
temos de agradecer a este Senhor que veio trazer a paz na terra aos homens
de boa vontade (Lc 2, 14), a todos os homens que querem unir a sua vontade
à Vontade boa de Deus. Não só aos ricos, nem só aos pobres! A todos os
homens, a todos os irmãos! Pois irmãos somos todos em Jesus; filhos de
Deus, irmãos de Cristo. Sua Mãe é nossa Mãe.
É preciso ver o Menino, nosso Amor, no seu berço. Olhar para Ele, sabendo
que estamos perante um mistério. Precisamos de aceitar o mistério pela fé,
aprofundar o seu conteúdo. Para isso necessitamos das disposições humildes
da alma cristã: não pretender reduzir a grandeza de Deus aos nossos pobres
conceitos, às nossas explicações humanas, mas compreender que esse
mistério, na sua obscuridade, é uma luz que guia a vida dos homens.
Cristo que passa, 13
Procura a união com Deus e enche-te de esperança – virtude segura! –,
porque Jesus te iluminará, mesmo na noite mais escura, com a luz da sua
misericórdia.
Forja, 293