TRÊS NOTAS SOBRE PASTORAL JUVENIL
«Exulte sempre o vosso povo, Senhor, com a renovada juventude de alma…» (Oração
Colecta do III Domingo de Páscoa)
1. Desde que tenho a obrigação de acompanhar e fomentar o trabalho da Pastoral
Juvenil na nossa diocese, não voltei a escrever nenhuma reflexão para o nosso
jornal diocesano. Não porque pensasse não ser mais útil fazê-lo; tampouco por
qualquer tipo de desencanto ou descoberta da dura realidade pastoral; muito
menos por prudência que soe a conveniências eclesiásticas ou aquilo que, em
jeito de brincadeira, digo ser «eclesialmente correcto». Apenas aconteceu que
até agora tem sido tempo de trabalhar, na pobreza de pessoas e recursos (apesar
da riqueza que todos têm demonstrado!), e reflectir sobre o trabalho e, agora
sim, é tempo de partilhar as inquietações. Esta primeira nota, é de alegria e
satisfação. Dou graças a Deus por ver como as pessoas estão empenhadas na
evangelização dos mais jovens. Apenas assim é possível que o Secretariado seja
útil à diocese. De Melgaço a Viana, de Valença a Ponte da Barca, duma ponta à
outra da diocese, há adultos e jovens empenhados em levar Jesus Cristo e fazer
que «a Igreja exulte com a renovada juventude de alma». A vinda da Cruz JMJ
demonstrou muito bem aquilo que é possível leigos e padres fazer em conjunto,
mesmo quando o tempo é pouco e o acontecimento iminente, quando há vontade e
trabalho em comunhão. As actividades arciprestais e algumas de cariz diocesano,
realizadas até agora, numa bonita sinergia, são motivo de alento e esperança.
Aproveito aqui para agradecer a quantos tornam realidade a evangelização dos
jovens nesta parcela do povo de Deus.
2. Porém, nem tudo é cor de rosa. Já o Papa alertava na Novo Millenio Ineunte
(n.º 15) que após os eventos extraordinários, costuma dar-se uma atitude de
relaxamento. Talvez na nossa diocese isso esteja a acontecer na pastoral
juvenil, neste ano. O Secretariado sempre se debateu por não ser apenas um
promotor de actividades juvenis: «pastoral de entretenimento» como alguém a
apelidou. Por isso, os momentos de oração, as acções permanentes de Formação de
animadores (foi doloroso e muito desagradável perceber que muitos pensam que
esta Formação são «umas dinâmicas e uns jogos que não têm seriedade alguma»;
felizmente os próprios formandos quiseram dar seu testemunho a respeito da
intensidade de trabalho e estudo que o Curso comporta!) e o apoio às equipas e
grupos são uma aposta já antiga que vamos continuar a manter. Mas a verdade é
que o Secretariado diocesano também possui no seu Plano um conjunto de
actividades que, normalmente, eram solicitadas e abraçadas pelos Arciprestados.
E estas têm sofrido da inércia de muitos agentes pastorais. Recordo que, no ano
92, foram 28 canções no Festival Diocesano: suponho que a exigência de qualidade
foi até ao sufoco porque este ano tivemos 3! Destas, duas eram de Caminha e uma
de Viana. Quanto ao Fátima Jovem, desde 2000 que não havia tão fraca
participação (apesar dos 140 inscritos). Inversamente, desde 2000 que o material
e as informações não eram divulgadas com tanta antecedência. Apenas 4
arciprestados se organizaram como tal e marcaram presença, a saber: Valença,
Arcos de Valdevez, Ponte de Lima e Viana. Em contrapartida, nunca como este ano
os grupos se prepararam com as catequeses e textos introdutórios ao Fátima
Jovem. Não pretendo de maneira alguma que isto pareça uma «indirecta» aos
agentes: na verdade, creio apenas que podemos e devemos fazer mais. É lamentável
que as informações não passem, que os jovens não saibam ou saibam depois de, que
não se demonstre o mínimo esforço por. Estou convencido que a todos isto nos
merece um exame de consciência.
3. Está aí a chegar o V Viana Jovem. Desde o ano jubilar que esta modalidade de
Encontro Diocesano, vem ganhando tempo e espaço na comunidade eclesial. Em cada
ano, o Secretariado esforça-se porque seja um momento de celebração, encontro e
festa dos jovens e para os jovens, no corpo e no espírito. Será no dia 23 e,
portanto, estamos a menos de três semanas. O Programa já foi divulgado mas vai
aqui também. No que a este diz respeito, duas reflexões se impõem. O Viana Jovem
é o Encontro Diocesano da Juventude, não dos adolescentes da catequese. Esta
confusão tem pairado noutras actividades, com prejuízo dos jovens e dos
adolescentes. O mais natural e aconselhável é que os agentes/destinatários da
Pastoral Juvenil não se encontrem abaixo do 10º ano de catequese. Em segundo
lugar, o Viana Jovem é como que o termómetro da Pastoral Juvenil na Diocese. Ele
é o ponto alto, o encerramento formal do Ano Pastoral Juvenil, ainda que o
funcionamento dos grupos e Secretariado se processe até fins de Agosto e com o
retomar em Setembro, quase não se percebe a interrupção do trabalho. Trabalhamos
porque a temperatura da Pastoral Juvenil seja de 36,8-37º c. Não queremos febre
que leve ao delírio mas tampouco hipotermia que conduza à morte. Porém, isto
depende de todos quantos descobrimos o grande dom da fé, a alegria do
Ressuscitado, e queremos fazer como os apóstolos Filipe e Natanael, que não só
responderam à inquietação dos gregos «Queremos ver Jesus» (Jo 12, 21), como
também os levaram a Ele. Sejamos apóstolos dos jovens do nosso tempo.
Pablo Lima
posted by NuMa at quinta-feira, maio 06, 2004
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